A banda foi formada em 2010 por Tagore Suassuna (violão e voz) e pelo multi-instrumentista João Cavalcanti. O primeiro registro oficial é o EP Aldeia, batizado com o nome do aprazível bairro onde as músicas do disco foram geradas. Completam a formação atual, Caramurú Baumgartner (percussão e voz), Emerson Calado (ex-Cordel do Fogo Encantado), João Cavalcanti e Júlio Castilho (líder e cantor da Feiticeiro Julião), que dividem baixo, guitarra e sintetizadores. Em Movido a vapor, Tagore desfila uma série de canções bastante influenciadas pelo som setentista de artistas nacionais como Ave Sangria, Secos & Molhados, Zé Ramalho, Raul Seixas. Alceu Valença e Tom Zé foram homenageados com regravações de duas músicas marcantes da carreira: Morena tropicana, do pernambucano, e Todos os olhos, do baiano. A produção ficou sob responsabilidade de Clayton Barros (outro ex-Cordel) e Vinícius Nunes. O disco também tem um jeitão de rock rural à Sá, Rodrix & Guarabyra, porém com toques mais contemporâneos. É o caso da bonita 2012, um quase bolero, com letra psicodélica ("E os pássaros também voaram em vão/ E o cogumelo ardeu meu coração"), finalizada por um viajante solo de sintetizador. A crítica social aparece nos irônicos versos de Ilhas Cayman. Música que pode fazer levar o cidadão a refletir sobre a atuação de muitos políticos brasileiros. "Na eleição que vem/ Promento melhorar, porém/ Sem parar de roubar/ Pra praticar o bem/ Insisto em desviar/ Mais cem milhões pra passear". Diz trecho da letra. Por AD Luna Download: Movido a Vapor
Se nos idos dos anos 70, entre um protesto e outro, John Lennon desembarcasse em Recife, aprendesse a gostar de cana com mel e caranguejo com sabor de maresia, e fizesse um esforço pra pensar que o Capibaribe era o Tâmisa, talvez sua história tivesse outro desfecho. E num exercício de futuro-do-pretéritologia, diríamos que ele teria feito algumas jam sessions com Alceu Valença, Lula Côrtes e a turma do Ave Sangria, e quiçá participado do legendário Woodstock nordestino, realizado em Fazenda Nova, em 1974. Mas a história não foi essa e o ex-beatle, todos sabem, levou quatro tiros quando entrava em seu prédio, em Nova York, em dezembro de 1980.
Mais de três décadas depois, Tagore lança seu disco de estreia, Aldeia, e oferece uma resposta – de várias, certamente – para como pode ser consonante a combinação do pop inglês com o regionalismo nordestino.
O melhor no álbum de estreia de Tagore é o talento para a composição: são canções com melodias assobiáveis, de fácil digestão, pop no melhor dos sentidos – o que os coloca na escola dos que não perdem a mão na dosagem de simplicidade e elaboração. A composição encontrou par no amigo e músico multinstrumentista João Cavalcanti, sob cujos cuidados ficaram os arranjos e a mixagem de todas as músicas do álbum – além da composição das faixas instrumentais.
As gravações foram realizadas em um estúdio montado num sítio em Aldeia, bairro serrano na região metropolitana do Recife, ao longo de duas semanas – durante as quais os músicos receberam visitas de amigos que colaboraram na gravação de alguns instrumentos. São, ao todo, nove faixas que passeiam por influências como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Gilberto Gil, Raul Seixas, Moacir Santos, The Kinks, Beatles e as guitarras fuzz do Udigrudi, cena musical pernambucana dos anos 70.
A banda foi a primeira colocada na votação popular do Bis Pro Rock e tem despontado como uma das mais promissoras da nova safra independente de Recife, identificada com o resgate do movimento musical da cidade dos anos 70.
Tagore Suassuna – Voz e Violão João Felipe Cavalcanti – Guitarra, baixo, piano elétrico e moog Diego Dornelles – Guitarra, baixo, piano elétrico e moog Caramurú Baumgartner – Percussão e voz Gustavo Perylo – Bateria